sábado, 10 de setembro de 2022

Deixe ir quem não te faz bem! 3/3

Por Maurício Hasbeni de Melo.
O fim de um relacionamento não acontece de repente. Mas não significa que concretizar uma ruptura seja fácil. Não te faz bem alguém que esteve ao seu lado. No entanto, como lidar com a separação? O distanciamento silencioso e ambulante Desde a infância somos levados a acreditar que a paixão ou o amor dura para sempre. Mas não é verdade. Quando você percebe que não gosta mais daquela pessoa como costumava ser antes, surgem perguntas como as da música Almanaque, do Chico Buarque: “Me responde por favor Pra onde vai o meu amor Quando o amor acaba” O destino do amor não sabemos. Mas procurando pela razão do fim, alguns estudiosos mostram respostas. A pesquisadora Helen Fisher, autora de livros sobre amor, sexo e casamento, declara que existem inúmeros motivos pelos quais uma pessoa deixa de gostar da outra. Pode-se organizar as razões em três categorias: • Foi você Nosso cérebro guarda mais frequentemente e com maior intensidade coisas negativas do que positivas. Portanto, aspectos nada dignificantes estão engrandecidos ali e pesam contra você. • Foram as circunstâncias Se alguém já avançou bastante na vida e aprendeu com sucessos e fracassos, dificilmente vai arrastar um bonde por você. Então, os eventos que nos cercam e o que priorizamos em alguma fase da vida podem nos levar a não enxergar o outro como uma atração irresistível. • Foi outra pessoa Nossa mente está estruturada de forma a otimizar as tarefas de procurar, comparar, fazer escolhas. Ainda que seu parceiro não estava consciente dessa habilidade e se manteve fiel a você, ele estava alerta às oportunidades de ter romance. Então, o interesse migrou para outra pessoa. Sinais de um relacionamento tóxico Independente da razão, uma separação traz sofrimento. E muitas vezes esse chega antes dela. Experimentar um relacionamento tóxico causa muita angústia. Há um conflito entre tentar se libertar da situação e enfrentar a sensação de que fracassou. Você identifica seu relacionamento como tóxico? Alguns dos sinais são: • Um parceiro culpa constantemente o outro por erros do passado. Pior quando ambos fazem isso. • Ao invés de se expressar claramente, de mostrar a própria insatisfação, a pessoa faz insinuações, deixando o outro desconfortável e confuso. • Um parceiro faz chantagem emocional, dramatiza todas as vezes que tem alguma crítica ou restrição ao comportamento do outro. • Vasculhar o smartphone, seguir a pessoa sem se fazer notado, ficar mal humorado se o outro está falando com alguém: comportamentos que traduzem tentativa de controle. Deixe ir, desapegue Ainda que estejam conscientes de que vivem um relacionamento tóxico, muitas mulheres se apegam ao pouquinho de satisfação de estar com alguém. Uma satisfação representada por aquele homem. Liberte-se da fantasia, da ilusão de que ainda é possível ser feliz com a mesma pessoa. Outras pessoas, outras formas de felicidade surgirão. Desde que você permita que elas te encontrem. Que você se abra para o novo. Desfaça-se de sentimentos pouco nobres como autocompaixão, arrependimento e culpa. Cuide-se no sentido de ter respeito e acima de tudo amor por si mesma.

A paixão é um vício? 2/3

Por Maurício Hasbeni de Melo.
Helen Fischer declara que quando estamos começando paixão por alguém, exibimos atividade elétrica intensa em certas regiões do cérebro. Essas mesmas partes cerebrais estão associadas ao uso de drogas e a comportamentos sugestivos de vício.
Como assim? Quem é Helen Fischer? E por que eu, que me sinto apaixonada, devo achar que a paixão tem alguma coisa de negativo? Como o cérebro entende a paixão?
Existem áreas no nosso cérebro que, quando estamos apaixonados, respondem ativamente a estímulos associados a essa circunstância. Exemplo de um bom estímulo? Olhar a foto do amado. Foi com testes simples como esse que a pesquisadora Helen Fischer, da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, comprovou isso. Ela e outros cientistas usaram equipamentos de ressonância magnética em 17 homens e mulheres que se diziam apaixonados. Eles notaram mudanças em regiões cerebrais dessas pessoas. Em 2016 o grupo de pesquisadores publicou um artigo no qual perguntam: a paixão é um vício que evoluiu naturalmente entre os humanos? A paixão é mesmo um vício? Ao propor um sim para essa resposta, os pesquisadores tomaram como base comportamentos que os apaixonados mostram. Segundo os cientistas, tais comportamentos se parecem bastante com os que viciados exibem. Em relação ao alvo da paixão, os apaixonados: • mantêm um foco obsessivo; • buscam incessantemente a pessoa, inventando subterfúgios para estar com ela; • mostram euforia quando encontram ou pensam no objeto da paixão; • procuram estar com a pessoa amada mais e mais com o desenvolvimento da relação; • caso o alvo da paixão se afasta, o apaixonado mostra sinais típicos de alguém sob abstinência de drogas, como reclamação (muitas vezes acompanhada de lágrimas), ansiedade, insônia, falta de apetite; • muito semelhante aos viciados, os que se veem rejeitados podem tomar atitudes extremas, como se colocar em perigo. Se estar apaixonada é tão ruim, nem deveria existir Agora veja que nem tudo é só negativo. A paixão traz benefícios, ainda que ligada à ideia de compulsão, de desequilíbrio. Esses benefícios promoveram a permanência desse tipo vínculo entre duas pessoas ao longo da evolução dos humanos. Somos dotados de um circuito neural que nos impulsiona a procurar um par. Tudo indica que a ligação em pares nos humanos primitivos aumentava a chance de sobrevivência de bebês e de crianças produzidas pelo casal. Filhos protegidos por pares de humanos em laços “bem apertados” durante meses tinham mais chances de crescerem fortes, competitivos. Quem sabe seriam bons em liderar outras pessoas, chegarem à vida adulta e terem filhos também? Resulta que, apesar de todo o avanço tecnológico, quando chega a hora de se apaixonar, nossas estruturas mentais nos engessam em uma condição ancestral. Positivamente viciada Enfim, Fischer acredita que a paixão é um vício poderoso. Obviamente, se estar envolvida com alguém leva a sofrimento [link para artigo 3], use a força da paixão para renascer. Mas uma paixão saudável traz otimismo. Isso porque o nível de dopamina, um neurotransmissor, permanece alto. Então, estar apaixonada te leva a querer realizar coisas novas junto com quem você se sente bem. Realizações que reforçam mais ainda o relacionamento. A paixão é poderosa mesmo, não?

Eu, viciada em paixão 1/3

Por Maurício Hasbeni de Melo.
Esse é o homem da minha vida!
Quantas vezes uma voz dentro de você disse isso? Dezenas? Perdeu a conta? Apaixonada. O tempo passou, a paixão não virou amor. Simplesmente desapareceu e você recomeçou tudo com outra pessoa. É um vício. Para começar a se libertar dele, é preciso entendê-lo. Afinal, o que significa estar apaixonada? Um sentimento intenso de entusiasmo, como se a gente nem sentisse o chão. Interesse voltado de forma exagerada para alguém, fazendo com outras pessoas, fatos ou eventos tenham menos importância. De acordo com a neurociência, quem está apaixonado fica sob os efeitos de altas doses de neurotransmissores: substâncias que atuam como mensageiros químicos. Um dos neurotransmissores é a dopamina, produzida quando algo prazeroso nos acontece. Por exemplo, olhar e receber atenção de alguém em quem estamos interessados. A dopamina participa do circuito de recompensa cerebral, um conjunto de estruturas neurais. Responsável entre outras coisas por validar nossas emoções, esse circuito também atua sobre o vício [link para o artigo 2]. Apaixonadas e ansiosas pelo próximo episódio Assistindo à série da sua própria paixão, o que você pode esperar? O episódio seguinte: o amor. Até porque o fogo inicial que une duas pessoas gera medo, insegurança. Pesquisas mostram que enquanto experimentamos uma paixão, nosso nível de cortisol, hormônio do stress, está alto. Quem deseja viver assim por muito tempo? Portanto, do ponto de vista da neurociência, uma paixão, considerada um evento positivo, evolui para o amor. E sendo praticado com respeito à individualidade, esse sentimento se torna algo maduro, equilibrado, leve. Porém, quando lidamos com uma paixão doentia, o interesse obsessivo pelo outro não passa, não se transforma em uma satisfação reconfortante. O próximo episódio nesses casos não é nada agradável. É que está aí uma chance alta de descaso e fuga do interessado. Sendo sincero, ninguém deseja viver sob cobranças, mesmo que essas venham através de olhares, gestos e não de palavras. Principalmente se as exigências partem de quem conhecemos ainda bem pouco. Por que certas mulheres se apaixonam repetidamente? Nossa sociedade contribui para desenvolver nas mulheres a expectativa de que é possível viver eternamente apaixonada. Repare nos anúncios das mídias e veja se não tenho razão! O problema está no fato de que algumas mulheres, assim que encontram um homem que preenche minimamente suas expectativas, permitem que ele dite as regras do relacionamento. Por exemplo, se esse homem diz que não quer um relacionamento sério, a mulher aceita, ainda que esse não seja o seu desejo. Ela o acha insubstituível. Além disso, ela tem medo que muito tempo passe sem que outro tão legal seja encontrado. Então, faz concessões. Toma atitudes que traduzem dificuldade emocional, necessidade de desenvolver a autoestima. Talvez ocorra uma falha na criação da resistência aos efeitos da dopamina sobre o cérebro dessa mulher. Pode até ser que ela provoque, de forma inconsciente, aversão no parceiro. E então, ele se vai e ela estará livre para retomar aquela vibração interna com outra pessoa. O outro lado da moeda é que não há construção de relacionamento duradouro. Essa é você?

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

“Separar-se dói, mas também pode ser uma benção”

Texto de Monja Coen
É possível separar-se de alguém com respeito e com ternura.
É possível um divórcio verdadeiramente amigável.
Mas para isso é preciso que as duas pessoas envolvidas no processo de desfazer um laço de intimidade tenham amadurecido o suficiente para conhecer a si mesmas.
Caminhamos lado a lado com algumas pessoas em alguns momentos da vida.
Minha professora de hatha ioga, Walkiria Leitão, comentou em uma de nossas aulas:
“A vida é como atravessar uma ponte. Nem sempre as pessoas com quem iniciamos a travessia são as mesmas que nos cercam agora ou com quem chegaremos do outro lado. Mas sempre há alguém por perto. Nunca estamos sós.”
O medo da solidão, muitas vezes, faz com que as pessoas suportem o insuportável. Ou se lamentem após uma separação, apegadas até mesmo ao conflito conhecido.
Ainda há mulheres que sofrem violências morais e até mesmo físicas de seus companheiros ou companheiras.
Ainda há homens que sofrem violências morais e até mesmo físicas de suas companheiras ou companheiros.
Como dar limites? Como conhecer esses limites?
Quando os limites são desrespeitados, as dificuldades começam. Dificuldades que podem levar à separação e ao divórcio. Dificuldades que podem levar ao sofrimento filhos e filhas, animais de estimação, amigos, familiares.
Caminhamos lado a lado.
Ou não.
Quando nos afastamos e nos distanciamos, nunca é repentino.
Um processo que, se desenvolvermos a clara percepção da realidade do assim como é, poderemos prever, antecipar e até mesmo alterar o desenvolvimento do processo.
Entretanto, se não conseguirmos antever o que já acontece, se colocarmos lentes fantasiosas sobre a realidade, poderemos nos desiludir e nos sentirmos traídos na confiança mais íntima do ser.
Professor Hermógenes, um dos pioneiros do yoga no Brasil, fala sobre a criação de uma nova religião chamada “desilusionismo”:
“Cada vez que temos uma desilusão estamos mais perto da verdade, por isso agradecemos.”
Se você teve uma desilusão é porque não estava em plena atenção. Mas não fique com raiva nem de você nem da outra pessoa.
Nada é fixo. Nada é permanente.
Saber abrir mão, desapegar-se – até da maneira como tem vivido – é abrir novas possibilidades para todos.
Por que sofrer? Por que manter relações estagnadas ou de conflito permanente? Ou como transformar essas relações e dar vida nova ao relacionamento?
Apreciar e compreender a vida em cada instante é uma arte a ser praticada.
Separar-se dói, confunde, mexe com sonhos e estruturas básicas de relacionamentos.
Separação pode ser também uma bênção, uma libertação de uma fantasia, de uma ilusão.
Observe em profundidade.
Será que ainda é possível restaurar o vaso antigo?
No Japão, as peças restauradas são mais valiosas do que as novas. Tem história, emoção, sentimento.
Cuidado com o eu menor.
Cuidado com sentimentos de rancor, raiva, vingança.
Esse sentimentos destroem você, mais do que as outras pessoas.
Desenvolva a mente de sabedoria e de compaixão.
Queira o bem de todos os seres. Isso inclui você.
Cuide-se bem e aprecie a sua vida – assim como é –, renovando-se a cada instante e abrindo portais para o desconhecido, o novo – que pode ser antigo, mas novo a cada instante.
Mantenha viva a chama do amor incondicional e saiba se separar (se assim for) com a mesma ternura e respeito com que se uniu.
Esse o princípio de uma cultura de paz e de não violência ativa.
Que assim seja, para o bem de todos os seres.
Mãos em prece

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Saiba porque o parceiro infiel, na maioria das vezes, não abandona o seu casamento

Mesmo com traições, muitos casais não abandonam seu casamento; entenda o motivo. Alguns sinais mostram claramente que, em seu relacionamento, a traição está presente, sejam as longas reuniões de trabalho, passar a noite fora, manchas de batom na roupa, saidinhas com os amigos, etc. Existem acontecimentos que entregam claramente uma possível traição, principalmente quando o casal convive no mesmo teto; aí fica ainda mais fácil detectar uma relação fora do casamento.
Não podemos afirmar que esse tipo de comportamento esteja presente em todas as relações amorosas, porém existem casais que passam a estar insatisfeitos em seu casamento, e por isso acabam recorrendo à infidelidade.
Um dos aspectos que estão envolvidos no adultério é quando o parceiro decide trair, porém ele não quer deixar a sua união estável ser abalada por essa decisão. Essa relação extraconjugal não é motivo para que o seu casamento chegue ao fim, e por isso ele tenta deixar tudo em segredo. Pensando nisso, reunimos alguns dos motivos pela qual isso pode acontecer, acompanhe:
Existe amor A traição não indica que o parceiro não ame mais o seu cônjuge. O que pode expressar é que a rotina e dinâmica do casal passaram por algumas mudanças, e a paixão existente no início do relacionamento tenha diminuído devido à rotina, porém o amor continua o mesmo.
Quando uma pessoa decide optar pela traição, talvez ele esteja sentindo necessidade de se sentir vivo ou preencher algumas necessidades que a sua união não está lhe oferecendo, e é aí que a traição, entra trazendo inúmeras aventuras e sentimentos desconhecidos, mas sem necessidade de colocar o fim em seu relacionamento fixo, já que ele sabe que a traição é somente uma diversão, com começo, meio e fim.
A separação pode lhe oferecer inúmeras dores de cabeças
A separação costuma ser um processo desgastante, principalmente quando envolve filhos.
Explicar o porquê de o casamento não ter dado certo e cortar laços familiares é sem dúvida um total desgaste emocional e psicológico, que poucos estão dispostos a enfrentar. Já manter o casamento pode oferecer estabilidade em vários aspectos, por isso sustentar o relacionamento pode dar um controle sobre a vida do infiel. Ele sabe exatamente como vai viver a vida, porém sempre estará sofrendo com ameaças de uma possível separação, caso seu cônjuge descubra a infidelidade. Mesmo que a relação esteja repleta de mentiras e falsidades, ele prefere viver com a estabilidade que o casamento oferece, sem as dores de cabeça que um divórcio proporciona.
Segurança A traição pode ser motivada por um relacionamento vazio, seja em sua rotina sexual ou carência afetiva. Muitos procuram fora de casa o que têm dificuldade de encontrar naquela pessoa que está dividindo a mesma cama.
Porém, isso também pode ocorrer em relações seguras e em casamentos completos, que têm uma família, amor, carinho, compreensão e estabilidade financeira. Sendo assim o cônjuge não irá deixar de lado tudo isso somente para viver outra aventura amorosa, preferindo manter a sua união e também a relação extraconjugal. Isso faz com que o traidor se sinta seguro e completo. Essa atitude pode até parecer egoísta, mas ele jamais vai ousar perder o que ele finalmente conseguiu com seu cônjuge ou com sua amante. FONTE: http://br.blastingnews.com/curiosidades/2016/12/saiba-porque-o-parceiro-infiel-na-maioria-das-vezes-nao-abandona-o-seu-casamento-001316769.html

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A DIFERENÇA ENTRE AMOR E PAIXÃO NO SEU CÉREBRO


A diferença entre amor e paixão no seu cérebro, segundo cientistas.
Todo mundo sabe mais ou menos - seja por ter lido um estudo ou escutado numa música ou mesmo ter sentido na prática - que paixão e amor são coisas diferentes.
Mas para ajudar a trazer um pouco de fundamento científico para este campo tão confuso da vida o OPscyhology Today publicou uma lista criada pela psicóloga Judith Orloff, que explica algumas diferenças entre esses dois sentimentos para ajudar quem está na dúvida.

Paixão
- O foco é a aparência e o corpo da pessoa

- Sente vontade de transar, mas não de conversar
- Prefere manter o relacionamento no nível fantasioso, não discutir sentimentos reais
- Você sente vontade de ir embora logo depois do sexo em vez de dormir abraçado ou tomar café da manhã
- Vocês são amantes, não amigos

Amor
- Você quer passar tempo com a pessoa

- Passa horas conversando e não vê o tempo passar
- Quer honestamente saber o que a pessoa sente e fazê-la feliz
- A pessoa faz você querer ser alguém melhor
- Você tem vontade de conhecer família e amigos da pessoa

Mas nem tudo é preto no branco quando o assunto é o coração. Segundo um estudo da Universidade de Concordia, em Montreal, no Canadá, embora sejam sentimentos distintos, a paixão pode sim evoluir para o amor.
De acordo com as novas descobertas, apesar de serem interpretados pelo cérebro como duas coisas diferentes, existe uma região no cérebro em que o amor e o sexo se sobrepõem, o que pode fazer com que um sentimento se transforme no outro.
Ambas as sensações são processadas por partes diferentes da mesma área cerebral, o corpo estriado. A diferença é que o desejo sexual ativa a área de recompensa, a mesma de sensações como um orgasmo ou um chocolate. Já o amor ativa outra área, associada com vícios em drogas.
Entendeu agora porquê um término de relacionamento se parece tanto com a abstinência de uma droga? A descoberta final foi que, eventualmente, essas duas áreas do cérebro podem se sobrepor, o que mostra que o desejo sexual pode sim se transformar em amor.

Via Galileu; Fonte: NBC News

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

A PAIXÃO É UM VÍCIO

Por Marcela Buscato
A antropóloga da Universidade Rutgers, especialista em cérebros apaixonados, explica a semelhança entre se apaixonar e consumir drogas
ÉPOCA – Por que a paixão é um vício?
Helen Fisher – Quando eu e meus colegas colocamos 32 pessoas que estavam enlouquecidamente apaixonadas em um equipamento de ressonância magnética, nós descobrimos atividade cerebral em uma região que também se torna ativa quando você sente o “barato” da cocaína. A droga ativa alguns dos mesmos circuitos do cérebro associados à paixão. Por isso, eu acredito que ela é um vício muito poderoso.
ÉPOCA – É um vício que faz mal?
Helen – Se não for uma relação saudável ou se alguém for rejeitado, sim. Depois de tantos estudos, os pesquisadores sabem que o sofrimento de uma pessoa rejeitada é fisiológico. Os circuitos cerebrais relacionados à tomada de decisões arriscadas e, inclusive, os ligados à dor física tornam-se ativos. Hoje, levamos a dor da paixão a sério.
ÉPOCA – Já se sabe como reverter a química da paixão para impedir o sofrimento?
Helen – É preciso “matar” essa obsessão. Jogar fora cartas e cartões, não ficar estirado na cama pensando na pessoa. Tudo isso só vai estimular os mesmos circuitos cerebrais da paixão. Faça coisas novas e excitantes com pessoas diferentes para elevar de outra maneira o nível de dopamina, uma substância estimulada pela paixão. Ria porque o riso estimula as terminações nervosas de sua face, e isso também estimula o sistema dopaminérgico. Mas a paixão não é só dor. Ela também pode fazer muito bem.
ÉPOCA – Como?
Helen – Ela aumenta os níveis de dopamina, que é um estimulante natural. Por isso, as pessoas se tornam mais entusiasmadas e otimistas. Também fazem mais sexo – o que é bom para músculos, pele e fôlego. Mas esse estágio inicial não foi feito para durar para sempre. A função dele é focarmos energia na conquista de um companheiro.
ÉPOCA – É possível “prolongar” a paixão?
Helen – Uma estratégia é fazer coisas novas juntos: tirar férias, viajar para lugares desconhecidos, fazer sexo em locais diferentes. A novidade estimula o sistema da dopamina no cérebro e ajuda a manter o romance excitante. Mas a melhor maneira para que a paixão dure por muito tempo é escolher a pessoa certa.
ÉPOCA – Como acertar na escolha?
Helen – O parceiro precisa se encaixar no perfil que idealizamos. São pessoas com um tipo de beleza parecido com o nosso, com valores semelhantes e com o mesmo nível socioeconômico. Também precisa haver certo mistério. Não podemos saber tudo sobre a pessoa, porque esse mistério impulsiona a ação da dopamina. Mas eu acredito que nós nos apaixonamos principalmente por pessoas geneticamente compatíveis.
ÉPOCA – Por quê?
Helen – Cada tipo de personalidade está ligada a uma maior atividade de determinado sistema biológico. E parece que somos atraídos por parceiros com uma personalidade diversa a nossa, ou seja, geneticamente diferentes. Essa combinação estimula a química da paixão no cérebro e faz com que ela continue em ação por anos e anos.
ÉPOCA – Quais são esses tipos de personalidade genética?
Helen – Eu divido em quatro categorias. Os exploradores têm maior atividade no sistema de dopamina, um neurotransmissor estimulante. Os construtores, no sistema de serotonina, que é calmante. Os negociadores apresentam maior atividade no sistema de estrogênio, um hormônio ligado a uma postura controladora. E os diretores têm maior atividade no sistema de testosterona, hormônio associado a comportamentos mais agressivos.
ÉPOCA – Como identificar qual é nosso tipo genético e de um possível parceiro?
Helen – Os exploradores são pessoas curiosas, criativas, espontâneas, irreverentes, que gostam de correr riscos e procuram novidades. Os construtores tendem a ser calmos, sociáveis, populares, tradicionais. Cautelosos, mas não medrosos. Já os negociadores são muito bons em se expressar verbalmente, têm grande habilidade para lidar com as pessoas, são muito empáticos. Tendem a ser bons para fazer planejamento de longo prazo. Os dominadores são bons para lidar com sistemas com regras, tendem a ser lógicos. Mas não há uma combinação ideal entre esses tipos de personalidade. Cada uma terá suas vantagens e problemas.
ÉPOCA – Seus estudos ensinaram a senhora a controlar a paixão?
Helen – Eu me casei com 23 anos e me separei poucos meses depois. Tive quatro relacionamentos muito longos e muito satisfatórios. Eu sei um bocado de coisas sobre a paixão, mas sou como qualquer outro tolo quando estou apaixonada.