sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

As razões do amor

Por que gostamos de quem gostamos? Apaixonamo-nos irracionalmente? Ou existe algo mais profundo que nos faz sentir atraídos por determinadas pessoas? Segundo os especialistas, o amor não é cego. Aprenda a descobrir o parceiro ideal. E a mantê-lo junto de si.

Existem muitas razões para a formação de um par, mas nem sempre nos apercebemos delas nem das suas origens. Henry Dicks, um dos pioneiros da terapia matrimonial dos anos 50, dividiu-as em três categorias principais: razões sociais, tais como classe, religião e dinheiro; razões pessoais conscientes, como aparência, interesses comuns e outros aspectos; e atrações inconscientes, a que vulgarmente chamamos "atração".
"Antes que se estabeleça uma relação, primeiro existem dois seres humanos. Para compreender o que se passa quando ocorre um encontro, convém saber em primeiro lugar o que cada um traz consigo - aquilo que trará para a história do casal", diz Sylvie Tenenbaum, psicoterapeuta, formadora e escritora, no livro Viver Bem a Vida de Casal (editora Ambar).
Não existem no mundo duas pessoas idênticas. Há demasiados factores que intervêm na constituição de uma personalidade. Como defende Boris Cyrulnik, neuropsiquiatra e etólogo, o patrimônio genético, a herança psicológica, as influências familiares e socioculturais, as experiências pessoais e os modos inteiramente pessoais de vivê-las, compreendê-las e interpretá-las, o percurso afetivo e emocional de cada um, enfim, todo o conjunto destes elementos contribui para fazer de todos os seres humanos indivíduos diferentes uns dos outros - diferentes e únicos.

"O coração tem razões que a razão desconhece", a célebre máxima de Pascal, parece assim ter perdido toda a sua razão de ser. "Deverá dizer-se antes: 'O inconsciente tem razões que a consciência desconhece'. Se for possível enunciar neste domínio uma verdade, só pode ser aquela que diz que não se escolhe qualquer pessoa ao acaso, ao sabor dos encontros. Na realidade, o amor não é cego: apenas temos de mudar de olhar", defende Sylvie Tenenbaum. "Descobertos os universos através de aproximações sucessivas, começa então a desenhar-se um quadro no puzzle em que cada peça corresponde a uma informação suplementar sobre a personalidade e o modo de vida dos dois candidatos à relação: as esperanças e as expectativas aumentam à medida que a atração se vai confirmando. Assim nasce um novo laço, reforçado pelas atitudes que têm um para com o outro: os dois parceiros descobrem-se e, ao mesmo tempo, encontram-se. Ambos parecem satisfazer os seus respectivos critérios de seleção, fundados na sua própria visão do mundo."
José Manuel Palma Oliveira, professor de Psicologia Social na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, explica que quando se fala de atração, fala-se de gostar e de amar. "Duas coisas relativamente diferentes. Nem sempre os fatores que determinam o amor são aqueles que determinam o gostar. Há uma evolução nos factores e isto é verdadeiro para todos os casos, menos para o amor romântico, que pode não estar sujeito às mesmas especificidades."
O primeiro fator que tem influência nas nossas relações, segundo o psicólogo, é a proximidade. "Eu não me aproximo das pessoas porque gosto delas. O que se passa é exatamente o contrário: eu gosto delas porque elas estão próximas de mim, porque tenho de interagir. Existe um estudo muito interessante, realizado há 10 anos nas Academias de Polícia dos EUA, onde são admitidas pessoas de todos os estados norte-americanos e que, obviamente, não se conhecem. Foram colocadas por ordem alfabética na sala e nos refeitórios. Passado seis meses, ao analisar-se quem ficou amigo de quem, chegou-se à seguinte conclusão: as amizades eram uma reta de acordo com os nomes! Os 'A' tinham amigos nos 'A' e nos 'B', os 'B' eram amigos dos 'B' e dos 'C', e assim sucessivamente! Matematicamente, podíamos descrever as amizades como correspondendo a 1,5 letras do alfabeto, ou seja, estas pessoas não tinham amizades que, em média, estivessem afastadas uma letra e meia do seu próprio nome. É pois a proximidade física e a interação que levam a que as pessoas se tornem amigas umas das outras. E isto por uma razão muito simples: quando não temos uma perspectiva de interagir, podemos pensar tudo dos outros, que não há conseqüências. Mas quando se passa o contrário, a expectativa de interação prolongada vai condicionar o modo como as pessoas começam a pensar nas outras, vai originar um desvio para a positividade."

Associado a este, existe um outro fator importante que tem um efeito poderoso nas relações: o da chamada "mera exposição", ou seja, quanto mais vejo uma pessoa, mesmo que não fale com ela, mais gosto dela. "É um efeito muito poderoso - ou não fosse ele tão utilizado pelos publicitários - que funciona desde que eu não tenha uma atitude negativa face àquela pessoa", explica José Manuel Palma Oliveira. "Outro, é a semelhança das atitudes: eu gosto tanto mais, quanto adivinho que alguém tem as mesmas atitudes que eu, ou seja, gostamos porque elas nos confirmam a ideia que temos de nós próprios, o modo como nós somos. Quanto mais semelhantes elas forem a mim nas minhas atitudes religiosas, políticas ou outras, maior é a probabilidade que tenho de gostar delas. Isto é fundamental para as pessoas terem padrões de gostar."
O que nos leva a outra questão não menos importante: a do grupo. Normalmente, só gosto de pessoas que estão no meu grupo. Ou seja, há uma espécie de filtro. Porque é que as telenovelas têm tanto interesse?, questiona aquele psicólogo. "Uma das razões é retratarem as exceções muito interessantes do ponto de vista social, e não as regras, como o rico a casar com a pobre. A regra é nós gostarmos e relacionarmo-nos com os do mesmo grupo. O que faz as pessoas atraírem-se são as suas semelhanças. E este é um filtro fundamental."
Por outro lado, quanto mais gosto das pessoas, mais acho que elas são semelhantes a mim. E quanto mais elas são semelhantes a mim, mais gosto delas! "Esta escolha é inconsciente? Diria que é automática. E é tão automática que nem penso nisso. A maneira como nos vestimos, a música que ouvimos, tudo isto são sinais que nos sinalizam como membros de um grupo e simultaneamente avisam os outros de que lado estamos. Só gostamos e só amamos dentro de determinados parâmetros: da proximidade, dos grupos, das semelhanças. Temos uma liberdade condicionada."

Se o que leva as pessoas a juntar-se são as semelhanças, então o mito de que os opostos se atraem é mentira? José Manuel Palma Oliveira explica-nos esta incongruência: "Atraem-se, mas só num nível superior, na chamada complementaridade. Quando falamos de gostar e de amar, estamos a falar de níveis. A complementaridade só acontece num segundo momento, quando já tenho a semelhança básica, o fundamental, quando já passamos os primeiros filtros. A complementaridade só acontece quando um casal já está pelo menos a namorar. E surge na relação que eles têm com o mundo exterior. Já é um terceiro nível. Estamos então a falar da articulação do amor e da visão interna. Pode haver uma complementaridade de opostos, mas não no fundamental. Nestes aspectos, tem de haver semelhança. Não quer dizer que não haja exceções, mas, normalmente, a ausência de semelhança básica é geradora de problemas e de rupturas na relação."
O parceiro ideal
Qual a sua representação do parceiro ideal?
Fisicamente: reconheçamos que todos têm as suas alergias e, se há realmente um domínio onde é preferível nada forçar, é este
Quanto ao comportamento: existirão atitudes e comportamentos que não é mesmo capaz de suportar, (desde a maneira de pegar num garfo, passando pelo roer das unhas, por certas formas de estar em relação aos seres que lhe são chegados, à sua família, às deslocações para o trabalho e até aos gostos em matéria de roupas, por exemplo? Pense em diferentes domínios
Quanto ao caráter: que retrato--tipo faria quanto às qualidades procuradas e aos defeitos que, apesar de tudo, acha suportáveis?
Quanto às ideias: existirão opiniões, pensamentos, crenças, convicções que lhe parecem totalmente incompatíveis com as suas crenças? Precise quais
Quanto às ocupações: quer se trate das atividades profissionais quer dos lazeres, o que deseja? Quais as suas preferências?
Quanto aos projetos de vida: que gostaria que ele desejasse construir consigo?
Para cada categoria, classifique as suas respostas segundo a respectiva ordem de importância: deste modo, estabelece as suas prioridades absolutas e o catálogo das suas nuances.

Maria da Luz Guerreiro, de 35 anos, conta-nos a história de um relacionamento que acabou exatamente por ter acreditado piamente neste mito e por ter achado "que o amor tudo muda. Uma verdadeira catástrofe, foi o que foi! Enquanto todos os outros viam que era uma relação condenada ao fracasso, eu arranjava sempre maneira de não ver a realidade. Tínhamos os dois gostos comuns, mas estes gostos eram relativos a coisas superficiais, ou seja, gostávamos ambos de praia, música, sair com amigos, mas eu queria ter filhos e ele não. Este ponto foi decisivo para acabar tudo. Durante cinco anos, achei que podia fazê-lo mudar de ideias, mas não foi o caso. Era sempre um 'não'... e ponto final. Desgastada e muito magoada, tive de
admitir que não era com ele que eu queria casar, uma vez que a minha ideia de casamento e família passa por ter filhos".
Grande parte dos lugares-comuns, dos mitos que circulam a respeito do amor, não estão correctos nem se encontram cientificamente demonstrados. Por isso, quem inicia uma relação com base neles, tarde ou cedo comprova, desiludido, o seu erro.

Quanto a saber se os opostos se atraem ou não, Alejandra Vallejo--Nágera, perita em Psicologia aplicada ao mundo das relações humanas e autora de O Amor não é Cego (Editorial Presença), é da mesma opinião que aquele especialista.
"Salvo raras exceções, esta situação culmina com uniões calamitosas, em que um dos amantes domina o outro. Embora haja pessoas que assegurem estar apaixonadas por alguém radicalmente oposto, referem-se porventura ao fato de um ser desportista e o outro não, de um adorar o campo e o outro a cidade, de um preferir presunto e o outro queijo. No entanto, se aprofundarmos a questão, facilmente constataremos que estas disparidades são a única diferença importante e que o nível cultural, as ideias políticas ou religiosas, o sistema de valores ou o modo de entender e apreciar a vida de casal são idênticos. Por isso, a que se deve este lugar-comum? Embora a nossa tendência seja para o que é conhecido, ao mesmo tempo, deixamo-nos seduzir pela novidade, almejamos o desafio, a descoberta de um mundo diferente do nosso. Na relação do casal, é tão importante a segurança proporcionada pelo que nos está próximo como a admiração e a aprendizagem que o desconhecido nos oferece. A afinidade com o nosso companheiro proporciona-nos uma certa garantia de compreensão e de cumplicidade mas, ao mesmo tempo, o que nos torna diferentes permite a diversão, a aprendizagem e o enriquecimento da união."
Quando passamos do primeiro estádio, que é o gostar, para um segundo, o amar, é fundamental existir a atração física. E se nas diferentes culturas existe uma grande diversidade acerca do que se entende por bonito ou não, dentro de uma cultura específica, isso já não é verdade. Não há, segundo José Manuel Palma Oliveira, variações na média. "Posso ilustrar este conceito com uma história verídica acerca de uma mulher nascida num país da América do Sul. Era uma mulher considerada atraente e que estava habituada a receber cantadas na rua, toda a gente a comentava. Foi trabalhar para Nova Iorque. Ao fim do primeiro mês, começou a achar que a cultura era diferente e que homens e mulheres se relacionavam de outro modo. No segundo mês, achou que a cidade era muito fria. E ao fim de seis meses, chegou à conclusão que era gorda!"

Ser bonito, culturalmente falando, é algo que é facilmente reconhecível, consistente. E isto dá a estas pessoas uma vantagem extra, como nos explica aquele psicólogo: "É que as pessoas bonitas - é horrível, mas é assim - têm uma maior probabilidade de ser gostadas, de os outros acharem que será boa mãe, bom pai, bom profissional, com sorte na vida. É o chamado efeito de aura", diz José Manuel Palma Oliveira. "E além disso, existe um outro fenómeno associado: a chamada profecia autoconfirmatória. Se eu acho que uma pessoa é bonita, trato-a melhor, e isso leva a que ela me trate também melhor. Essas pessoas tornam-se ainda mais gostáveis, o que as leva a acentuar ainda mais as suas qualidades - há muitos estudos a confirmá-lo. Este aspecto é tanto ou mais importante quanto sabemos que a atração física é um fator extremamente importante na definição de relações amorosas, sobretudo se essas relações forem feitas a curto prazo. O aspecto físico das pessoas é tanto ou mais importante quanto menos tempo houver para estabelecer a relação. E isto leva-nos a um fenômeno fascinante, que é a chamada matching hipotesis, ou seja, as pessoas aproximam-se naturalmente de níveis equivalentes de beleza, por causa da sua auto-estima."

Segundo o psicólogo, se uma pessoa se considera pouco atraente ou tem uma auto-estima baixa, não irá cortejar mulheres muito bonitas ou que considera demasiado importantes, inatingíveis. "É muito difícil encontrar casais em que um é muito bonito e o outro é feio, se este não tiver uma enorme auto-estima e não se considerar como tendo aspectos muito positivos em muitas outras coisas. Isto é muito interessante."
Manuela Dinis, de 45 anos, conta-nos que sempre que entra numa sala de braço dado com o marido, o habitual é as pessoas levantarem os olhos para o admirarem a ele, "um homem invulgarmente atraente. E a mim, olham-me com aquele ar de: 'Como é que ela conseguiu?' Na verdade, a primeira vez que o vi, apesar de me ter sentido imediatamente atraída, fiquei um pouco assustada. E o primeiro pensamento que me veio à cabeça foi: 'Eu não vou conseguir. Demasiado bonito para mim.' Mas eu tinha - e sabia-o muito bem - uma vantagem sobre todas as outras pessoas que, na altura, o rodeavam: podia não ser especialmente bonita, era mesmo muito vulgar, mas sempre fui uma pessoa decidida, positiva e com um enorme sentido de humor. O resultado foi que, apesar daquele primeiro momento de intimidação, arregacei as mangas e mostrei o melhor de mim".
A compra e venda de atributos é um dado fundamental no início de uma relação. Numa primeira fase, passa-se pelo que se chama, em Psicologia, de amostra e estimação. Mostra--se e dá-se a conhecer o que se considera fundamental. "O hipotético parceiro tem de se 'vender', em termos relacionais, tem de mostrar o seu melhor. E o que acontece é um bailado de confidências. Aqui, as pessoas nem sempre são sinceras, e isto é muito importante. Estamos a mostrar e a estimar o que o outro diz: 'Ah, golfe? Adoro golfe!' Vou acentuar o que o outro gosta, para quê? Para aumentar a semelhança. Eu sou como tu, gosto das tuas coisas."

Em todas as uniões, tem de haver uma relação custo-benefício. Como explica aquele psicólogo, uma relação tem um custo que se revela em dois níveis de comparação: o da própria relação em si, aquilo que eu estava à espera que a relação fosse, a estimativa; e, muito mais problemático, o nível de comparação das alternativas: "Ou seja, estou sempre a comparar com o que ganharia se não
estivesse com aquele parceiro, mas com outro. Só se está
numa relação se o conjunto do custo-benefício for positivo, se se ganhar de acordo com as expectativas que se tinha para aquela relação. Quando há uma grande disparidade, ou quando o nível de comparação das alternativas é enorme, dá-se o divórcio. E existem muitos que acontecem por causa disto. No início da vida, começam-se relações, casa-se normalmente muito cedo, quando ainda não se tem 'poder para'. E depois, em determinado momento, há mais alternativas, mais diversificadas, o que tem como consequência que a estimativa da relação seja de maior custo e pouco benefício."
Ter todos estes fatores presentes é meio caminho andado para o sucesso de uma relação. A realidade é aquela que se constrói ao longo dos dias. Assim, como diz Sylvie Tenenbaum, "a sua visão do mundo será mais adequada àquela com que sonha. Cabe-lhe moldá-la e enriquecê-la com as suas próprias criações".
10 regras para triunfar no amor
1. Sim: Conhecer-se a si próprio. Analisar a própria personalidade. (…) Conhecer o programa emocional que vos impulsiona e que vos conduziu para a pessoa amada, reconhecer até que ponto estão dispostos a comprometer-se com ela.
Não: Fechar os olhos para não verem os vossos defeitos ou os do vosso companheiro. Sobrecarregar a pessoa amada com a responsabilidade de "curar" os vossos vícios, estarem convictos de que podem "sanar" as anomalias do outro, ou que estas irão desaparecendo com o tempo. Transferir para o companheiro as decepções individuais que não souberam resolver e que nada têm a ver com ele. Depender emocionalmente do outro, ou ao invés, fomentar a sua dependência de vós.
2. Sim: Ter um projeto de vida e incluir nele a pessoa amada; aferir as aspirações e desejos de cada um. Provar que ambos sabem viver separados, ainda que tenham decidido viver juntos.
Não: Concentrar-se no instantâneo, procurando satisfações imediatas, temporais, que não duram mais do que o presente urgente, sem um plano de futuro que as sustente nem metas que a pessoa amada partilhe.
3. Sim: Saber que o amor é um processo em evolução, pode ser corrigido, aumentado e aperfeiçoado. Mas, para isso, é preciso querer melhorar, fazer o necessário para que não acabem as manifestações de carinho entre ambos, (…) estarem dispostos a ultrapassar os obstáculos decorrentes da convivência.
Não: Deixar-se levar pela rotina, dedicar-se e preocupar-se mais com o trabalho do que com a vida sentimental, ou desesperar perante um problema com que não se contava.
4. Sim: Expressar sentimentos e desejos. Manifestar freqüentemente a atração, a admiração, a paixão e o respeito pelo parceiro, explicar-lhe o que ele significa para vós. Mostrar claramente que não se concebe o futuro sem a sua companhia; mostrar que se pretende lutar por uma relação de qualidade, ser honesto ao exteriorizar o que se deseja, o que se valoriza e o que se pretende obter; apresentar soluções que satisfaçam ambas as partes. A expressão dos sentimentos, positivos ou negativos, constitui um dos alimentos fundamentais da intimidade do casal.
Não: Partir do princípio de que o companheiro consegue adivinhar ou "já sabe" o que pensam ou sentem. Falar com terceiros de assuntos que apenas dizem respeito ao vosso companheiro/a sem que ele/a o saiba.
5. Sim: Respeitar a liberdade da pessoa amada, permitir que os seus valores e capacidades se manifestem e se desenvolvam. Permitir que desfrute das suas próprias aptidões, que se relacione com as suas amizades, que fomente as suas inclinações e interesses específicos.
Não: Proibir qualquer atividade que contribua para o desenvolvimento do vosso companheiro, exigir que se afaste dos amigos, aborrecer-se quando sai de casa sem uma razão importante, sabotar as ocupações que não se relacionem diretamente com a vida familiar, impor a sua presença permanentemente em casa.
6. Sim: Permanecer atento ao outro, desejar o seu bem e a sua felicidade, vigiar como se encontra e se sente, ter atenções, gestos românticos, fazer surpresas que rompam com a rotina, mostrar-se grato.
Não: Criar o hábito da sua presença, considerar o outro como um direito adquirido.
7. Sim: Partilhar, estar disposto à entrega recíproca, à solidariedade, à aprendizagem em comum, à troca de afetos, a tudo aquilo que enriquece ambos, apreciar as atividades do outro e conseguir que ele aprecie as vossas. Valorizar o seu êxito, ajudar nos momentos difíceis, apoiar o outro nas coisas que para ele são importantes.
Não: Afastar-se com ocupações particulares não partilhadas com a pessoa amada. Desempenhar o papel de mártir. Manter distâncias ou segredos, não ser capaz de equilibrar a necessidade de independência com a vida em conjunto, ser infiel.
8. Sim: Fomentar a compatibilidade sexual de uma forma satisfatória para ambos. Assumir que o problema sexual de um é um problema a ser resolvido pelos dois. Querer melhorar.
Não: Viver a sexualidade de forma egoísta, impor um certo ritmo ao companheiro sem ter em consideração as suas inclinações pessoais. Mostrar-se passivo e deixar que a rotina destrua a harmonia sexual entre ambos.
9. Sim: Evitar as discussões desnecessárias, recordar que o tom que se emprega pode distorcer aquilo que se pretende comunicar. Pedir as coisas de forma clara e directa, com serenidade, tratando o outro com o mesmo respeito que se deseja para si próprio, sem perder o sentido das proporções. Escutar, ser capaz de pedir perdão.
Não: Deixar que se vá degradando o respeito que o outro merece. Utilizar ofensas e insultos para demonstrar que se tem razão. Desenterrar velhas disputas, sempre que surge uma ocasião. Utilizar as discussões para por à prova o amor do outro e exigir que ele ceda, como única via para demonstrar o seu afeto.
10. Sim: Ter capacidade para reagir. Observar meticulosamente todos os sintomas que apontam para a compatibilidade ou incompatibilidade entre ambos, como, por exemplo, em relação a ideias sobre a vida familiar, hábitos profissionais de cada um, papel dos pais e de outras pessoas importantes na vida de cada um.
Não: Manter-se indiferente perante a incompatibilidade ou os problemas. Esperar que o tempo os resolva. Procurar uma saída através de uma aventura amorosa fora do casal.

Fonte: O Amor não é Cego, de Alejandra Vallejo-Nágera, Editorial Presença

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