sábado, 10 de setembro de 2022

Eu, viciada em paixão 1/3

Por Maurício Hasbeni de Melo.
Esse é o homem da minha vida!
Quantas vezes uma voz dentro de você disse isso? Dezenas? Perdeu a conta? Apaixonada. O tempo passou, a paixão não virou amor. Simplesmente desapareceu e você recomeçou tudo com outra pessoa. É um vício. Para começar a se libertar dele, é preciso entendê-lo. Afinal, o que significa estar apaixonada? Um sentimento intenso de entusiasmo, como se a gente nem sentisse o chão. Interesse voltado de forma exagerada para alguém, fazendo com outras pessoas, fatos ou eventos tenham menos importância. De acordo com a neurociência, quem está apaixonado fica sob os efeitos de altas doses de neurotransmissores: substâncias que atuam como mensageiros químicos. Um dos neurotransmissores é a dopamina, produzida quando algo prazeroso nos acontece. Por exemplo, olhar e receber atenção de alguém em quem estamos interessados. A dopamina participa do circuito de recompensa cerebral, um conjunto de estruturas neurais. Responsável entre outras coisas por validar nossas emoções, esse circuito também atua sobre o vício [link para o artigo 2]. Apaixonadas e ansiosas pelo próximo episódio Assistindo à série da sua própria paixão, o que você pode esperar? O episódio seguinte: o amor. Até porque o fogo inicial que une duas pessoas gera medo, insegurança. Pesquisas mostram que enquanto experimentamos uma paixão, nosso nível de cortisol, hormônio do stress, está alto. Quem deseja viver assim por muito tempo? Portanto, do ponto de vista da neurociência, uma paixão, considerada um evento positivo, evolui para o amor. E sendo praticado com respeito à individualidade, esse sentimento se torna algo maduro, equilibrado, leve. Porém, quando lidamos com uma paixão doentia, o interesse obsessivo pelo outro não passa, não se transforma em uma satisfação reconfortante. O próximo episódio nesses casos não é nada agradável. É que está aí uma chance alta de descaso e fuga do interessado. Sendo sincero, ninguém deseja viver sob cobranças, mesmo que essas venham através de olhares, gestos e não de palavras. Principalmente se as exigências partem de quem conhecemos ainda bem pouco. Por que certas mulheres se apaixonam repetidamente? Nossa sociedade contribui para desenvolver nas mulheres a expectativa de que é possível viver eternamente apaixonada. Repare nos anúncios das mídias e veja se não tenho razão! O problema está no fato de que algumas mulheres, assim que encontram um homem que preenche minimamente suas expectativas, permitem que ele dite as regras do relacionamento. Por exemplo, se esse homem diz que não quer um relacionamento sério, a mulher aceita, ainda que esse não seja o seu desejo. Ela o acha insubstituível. Além disso, ela tem medo que muito tempo passe sem que outro tão legal seja encontrado. Então, faz concessões. Toma atitudes que traduzem dificuldade emocional, necessidade de desenvolver a autoestima. Talvez ocorra uma falha na criação da resistência aos efeitos da dopamina sobre o cérebro dessa mulher. Pode até ser que ela provoque, de forma inconsciente, aversão no parceiro. E então, ele se vai e ela estará livre para retomar aquela vibração interna com outra pessoa. O outro lado da moeda é que não há construção de relacionamento duradouro. Essa é você?

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